No mundo corporativo, assim como na vida pessoal, conflitos são inevitáveis.
Não estou me referindo a conflitos instalados por desrespeito às leis ou à lógica. Nesse caso não é bem um conflito, e sim um desvio de comportamento. Estou falando aqui daquelas situações em que ambas as partes têm alguma razão e tentam fazer valer sua vontade, como a escolha do canal de televisão, de um restaurante ou de onde passar as férias. Parecem coisas simples – e são, pois são inócuas –, mas quando esses conflitos envolvem investimentos, futuro, ações que podem ter grandes desdobramentos, é necessário prestar mais atenção para não gerar um clima ruim no relacionamento entre as partes envolvidas.
Existem quatro alternativas para a gestão de conflitos:
1. A primeira é evitar o conflito, afastar-se dele. Essa é a situação ideal, mas dificilmente é possível.
2. A segunda é resolvida pela força, pelo poder. Neste caso, uma das partes impõe seu desejo e a outra cede. Um sai vencedor e outro, perdedor, frustrado.
3. A terceira possibilidade é provavelmente, a mais comum. Através do diálogo, tenta-se chegar a um acordo, em que ambas as partes cedem um pouco e ganham um pouco. Ambos ficam mais ou menos satisfeitos e meio frustrados também. É comum que se aconselhe essa tática no casamento. "Ambos têm que ceder um pouco" dizem os experientes.
4. Mas há uma quarta possibilidade, em geral desconsiderada. Trata-se da criação de um cenário novo para a solução do conflito, diferente daquele em que ele foi criado. Dessa forma ambas as partes podem ter suas reivindicações atendidas, os dois alcançam seus objetivos plenos e todo mundo fica feliz. É mais difícil, mas é possível na maioria dos casos, desde que haja boa vontade e uso da inteligência estratégica.
Lembro de uma empresa média da área de confecções que tinha dois sócios que estavam vivendo um conflito. Eles tinham uma verba para investimento limitada e, enquanto um queria investir na ampliação da capacidade produtiva comprando novas máquinas, o outro achava que tinham que fazer uma nova e agressiva campanha de marketing. Conflito explícito. Após um longo período de discussão em que nenhum dos dois conseguiu fazer valer sua vontade e a relação já partia para o desgaste, eles resolveram contratar um consultor de negócios, um mediador externo, não envolvido com as paixões do dia-a-dia da empresa.
A solução que esse consultor encontrou foi a mais lógica possível: indicou um financiamento do BNDS para a compra das máquinas, aumentando, assim, o poder de investimento da empresa. A conseqüência foi o contentamento de ambos. As máquinas foram compradas, a campanha de marketing foi feita, eles produziram mais, venderam mais e a empresa cresceu.
Se não houvesse sido encontrada a quarta via, provavelmente o nível de frustração seria grande, a relação ficaria desgastada e eles teriam perdido uma ótima oportunidade de fazer um bom negócio.
Portanto, busque a quarta via. Ela sempre existe, só que às vezes está escondida embaixo de camadas da presunção e arrogância.
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