Muitos ignoraram a existência de uma crise na economia brasileira
apontando-a apenas como sendo uma crise política. Eu mesmo teci
comentários nessa direção quando ainda a política nos tirava a atenção
de algo grave até então encoberto por tantos escândalos envolvendo
tantos políticos. Não, não era só uma crise política que começava a
afetar nossa economia que já pedia socorro enquanto nós nos
estarrecíamos com tanta sujeira. Talvez até pudesse sustentar que tenha
começado, como tantas outras situações, na política, no entanto, mais
voltadas às questões que envolvem a omissão do que propriamente a
corrupção, que também é tão presente.
Enquanto o Governo Federal e a grande massa política do país se concentravam naquilo que fazem de melhor: a luta pelo poder, o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), um fundo especial vinculado ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), arrastava rombos bilionários e, nesta semana, alertou que se o desemprego continuar no ritmo atual não haverá recursos para pagar o Seguro Desemprego. E não só este fundo como outros, sofreram baques significativos que nos remetem ao setor produtivo brasileiro e seus sinais de perda de competitividade e de perda de massa operacional.
Assim como no outono as árvores abrem mão de suas folhas para concentrar sua energia em sua sobrevivência, as indústrias brasileiras usam de prática similar para permanecerem ativas na esperança de que essa “estação” possa ser superada e a retomada do setor traga o crescimento no qual sempre foi de fundamental importância para o país. Porém, os números não são nada animadores, pois a indústria brasileira acumula quedas seguidas e encolheu 8,3% em 2015, pior resultado desde 2003, e em fevereiro de 2016 encolheu incríveis 13,6%.
O efeito desse “outono” é devastador. E não só para a economia nacional, já que os empregados do setor, que já não percebem o retorno de impostos na saúde, segurança e educação, amargam a perda de renda enquanto a indústria também sofre de duas formas: uma pela ameaça do encerramento de suas atividades e outra que, caso sobreviva, se vê afetada pela falta de investimentos em infraestrutura, que já não ocorre como deveria, mas diante do encolhimento do setor, o poder público que sempre pensa e age de forma diferente, tem a prática de “adubar as árvores que já dão frutos e não plantar e prepará-las para dar frutos”.
Não precisa de muita pesquisa para se abismar com a quantidade de empresas que fecharam as postas de 2014 para cá. E não são quaisquer empresas. Entre estas, estão muitas cujas marcas se consolidaram no mercado e atingiram um nível de aceitação que lhes faziam abandonar a ideia de um dia viver situação similar. Dados das Juntas Comerciais dão conta que em 2015 foram fechadas quase 355 mil empresas de todos os setores, porém sabemos que o peso do setor de produção representa uma parcela importante para recuperar ou esmagar a economia, pois dele deriva vários outros mercados que sustentam muitas e muitas famílias. Para se ter uma ideia, só em São Paulo fecharam 4.438 fábricas em 2015. 24% a mais que em 2014. Entre estas estão setores que sofrem há tempos, como o setor têxtil e o automotivo que apesar de boas vendas em anos passados, sofrem com impostos que inviabilizam e eliminam a competitividade de seus produtos.
Fechar uma unidade como forma de sobrevivência para segurar custos em meio à queda da demanda
é uma decisão extrema que compromete ainda mais a capacidade de
crescimento do país. Redução de jornada com redução salarial funciona
enquanto há alguma movimentação nos estoques, mas à medida que essa
movimentação vai perdendo corpo, e isso é só questão de tempo quando não
há mudanças efetivas, o quadro fica insustentável.
Embora o tom da economia seja que um ciclo se cumpra a cada sete ou até oito anos, é absolutamente comprovado que em muitos setores isso pode ser retardado ou antecipado a depender das proteções ou das exposições que os governantes sinalizam de suas decisões ou de suas omissões. Isso é determinante para qual “estação” venha a seguir. Até queremos que seja uma primavera que nos faça esquecer as sombras de outono, mas devemos lembrar que ainda temos um inverno todo pela frente.
Mesmo dividido pela Linha do Equador, onde o outono não assume suas
características, o Brasil sabe muito bem o que faz suas “árvores perder
folhas” e sabe também o que fazer para atravessar “o inverno e
aproveitar bem a beleza da primavera”. Basta que nossos políticos abram
mão de seus eternos “verões”.
Fonte: Marco Aurélio da Costa em http://www.logisticadescomplicada.com
Enquanto o Governo Federal e a grande massa política do país se concentravam naquilo que fazem de melhor: a luta pelo poder, o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), um fundo especial vinculado ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), arrastava rombos bilionários e, nesta semana, alertou que se o desemprego continuar no ritmo atual não haverá recursos para pagar o Seguro Desemprego. E não só este fundo como outros, sofreram baques significativos que nos remetem ao setor produtivo brasileiro e seus sinais de perda de competitividade e de perda de massa operacional.
Assim como no outono as árvores abrem mão de suas folhas para concentrar sua energia em sua sobrevivência, as indústrias brasileiras usam de prática similar para permanecerem ativas na esperança de que essa “estação” possa ser superada e a retomada do setor traga o crescimento no qual sempre foi de fundamental importância para o país. Porém, os números não são nada animadores, pois a indústria brasileira acumula quedas seguidas e encolheu 8,3% em 2015, pior resultado desde 2003, e em fevereiro de 2016 encolheu incríveis 13,6%.
O efeito desse “outono” é devastador. E não só para a economia nacional, já que os empregados do setor, que já não percebem o retorno de impostos na saúde, segurança e educação, amargam a perda de renda enquanto a indústria também sofre de duas formas: uma pela ameaça do encerramento de suas atividades e outra que, caso sobreviva, se vê afetada pela falta de investimentos em infraestrutura, que já não ocorre como deveria, mas diante do encolhimento do setor, o poder público que sempre pensa e age de forma diferente, tem a prática de “adubar as árvores que já dão frutos e não plantar e prepará-las para dar frutos”.
Não precisa de muita pesquisa para se abismar com a quantidade de empresas que fecharam as postas de 2014 para cá. E não são quaisquer empresas. Entre estas, estão muitas cujas marcas se consolidaram no mercado e atingiram um nível de aceitação que lhes faziam abandonar a ideia de um dia viver situação similar. Dados das Juntas Comerciais dão conta que em 2015 foram fechadas quase 355 mil empresas de todos os setores, porém sabemos que o peso do setor de produção representa uma parcela importante para recuperar ou esmagar a economia, pois dele deriva vários outros mercados que sustentam muitas e muitas famílias. Para se ter uma ideia, só em São Paulo fecharam 4.438 fábricas em 2015. 24% a mais que em 2014. Entre estas estão setores que sofrem há tempos, como o setor têxtil e o automotivo que apesar de boas vendas em anos passados, sofrem com impostos que inviabilizam e eliminam a competitividade de seus produtos.
Embora o tom da economia seja que um ciclo se cumpra a cada sete ou até oito anos, é absolutamente comprovado que em muitos setores isso pode ser retardado ou antecipado a depender das proteções ou das exposições que os governantes sinalizam de suas decisões ou de suas omissões. Isso é determinante para qual “estação” venha a seguir. Até queremos que seja uma primavera que nos faça esquecer as sombras de outono, mas devemos lembrar que ainda temos um inverno todo pela frente.
Fonte: Marco Aurélio da Costa em http://www.logisticadescomplicada.com
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