Seu chefe é um bom líder? Conheça seis estilos de liderança
Pesquisa do Hay Group mostra que 63% dos chefes
brasileiros não conseguem mesclar estilos diferentes de liderança para
criar um clima harmonioso em suas equipes.
Você já sentiu que não recebeu o reconhecimento merecido
quando atingiu uma meta imposta por seu chefe ou realizou uma tarefa com
sucesso? E, no entanto, quando você comete um erro, o seu líder não
demora nem um minuto para criticar o seu modo de trabalho? Pois saiba
que esta situação é mais comum do que se pensa.
Segundo estudo da consultoria global de gestão
de negócios Hay Group, realizado a partir de um banco de dados com
informações de 95 mil líderes de mais de 2.200 organizações ao redor do
mundo, a maioria dos chefes cria climas desmotivadores entre seus
colaboradores. No Brasil, 63% de 3.089 dos líderes pesquisados não
conseguem criar um clima harmonioso em suas equipes.
SXC
No Brasil, 63% dos líderes criam climas desmotivadores em suas equipes
A consequência da liderança inflexível é um
desempenho organizacional abaixo do que seria alcançado caso a equipe
fosse motivada por um chefe eficiente. A consultoria utilizou como base
para o estudo a pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, que
definiu seis estilos de liderança predominantes entre os chefes – o
coercitivo, o dirigente, o democrático, o afetivo, o modelador e o
treinador.
Os seis estilos Coercitivo
– Conhecidos como mandões, são os chefes que dizem à equipe o que
fazer. Sempre vigiando o resultado, tendem a criticar o que está sendo
feito errado, mas não são bons em elogiar os colaboradores quando estes
alcançam o objetivo traçado. Este estilo, porém, é importante em
situações em que a empresa esteja passando por controle de custos,
momentos de austeridade e necessite de respostas rápidas. O chefe
coercitivo é abrupto, mas assertivo. Dirigente
– São os líderes que focam no resultado em longo prazo e fazem questão
de criar climas positivos, conquistando e motivando a equipe, para que
os colaboradores deem o seu melhor. São chefes importantes em situações
em que a clareza, o propósito e a criação de uma aspiração para o time é
requerida. Esse é o estilo da direção.
Afetivo
– Carinhosos, estes líderes criam harmonia na equipe e tendem a dar
mais atenção às pessoas que às tarefas que elas realizam. Para eles,
tratar bem os colaboradores é garantia de lealdade e bom desempenho. O
estilo afetivo é ideal para momentos de baixa moral, em que o time
esteja sofrendo por alguma razão, como perda de pessoas ou resultados.
Democrático
– Este estilo de liderança tenta dividir as responsabilidades entre a
equipe, envolvendo os membros nos processos de tomada de decisões para
alcançar o objetivo. O líder democrático é importante em situações em
que as pessoas precisam de espaço para falar, como momentos em que a
empresa requer inovação e reinvenção de um modelo de atuação. Modelador
– Inflexível, o líder modelador acredita que a sua forma de trabalhar é
a melhor e tende a dar instruções detalhadas para que sua equipe
realize o serviço à sua maneira, sem abertura para opiniões alheias.
Este estilo é necessário em situações em que as pessoas precisam
produzir com rapidez e em alto padrão de qualidade. O chefe modelador
ensinará exatamente o que tem que ser feito, para o alcance rápido do
resultado. Treinador
– Este líder põe em risco o desempenho em curto prazo para alcançar
bons resultados em longo prazo, investindo tempo para entender quais são
os pontos fortes e fracos de cada indivíduo de sua equipe para
distribuir as tarefas adequadas às características de cada um. O chefe
treinador vai garantir que esteja formando pessoas para o futuro da
organização. O chefe ideal
De acordo com Glaucy Bocci, gerente e líder da Prática de
Liderança para América Latina do Hay Group, para que um chefe crie um
clima motivador dentro de sua equipe, é preciso que ele saiba usar de
quatro a mais estilos de liderança, já que cada um deles pode ser
utilizado em diferentes situações de trabalho. Tipicamente, a combinação dos estilos
dirigente, democrático, treinador e afetivo tende a gerar um clima
considerado de alto desempenho”, aponta Glaucy. Para a executiva, estes
quatro reúnem as melhores características de uma liderança. O chefe que
consegue mesclar esses estilos lidera com clareza, consegue dar direção à
sua equipe, dá retornos positivos e negativos quando necessário, abre
espaço para a participação de seus colaboradores e dá atenção à criação
de um ambiente de trabalho mais harmônico.
“Um estilo não é o suficiente para gerar um
impacto poderoso no clima [do ambiente de trabalho]. Qualquer um deles,
sozinho, é pobre”, conta a gerente, que lembra que a cultura da
organização também acaba ditando alguns padrões de liderança, tornando
mais difícil para o chefe a utilização dos diferentes estilos.
Outros fatores que também podem ditar o estilo de
liderança de um chefe são suas características pessoais. “Se eu tenho um
traço mais autoritário, por uma questão de educação familiar, é
possível que eu reproduza isso no ambiente em que eu estou e me torne um
líder mais coercitivo e modelador”, conta Glaucy.
A gerente também aponta que a cultura do ambiente na qual
a organização está inserida influencia a maneira de chefiar das
pessoas. “Tipicamente, não só o brasileiro, mas o latino de uma forma
geral traz características muito forte de filiação. O estilo afetivo
acaba sendo fortemente percebido em nossa cultura. O lado bom disso é a
boa receptividade e a criação de um ambiente amistoso. Por outro lado,
nós temos uma característica muito forte de evitar conflitos e não
conseguimos separar muito bem a pessoa da performance, o lado
profissional do lado pessoal. A gente prefere reclamar pra um terceiro
do que falar para quem deveríamos falar, para não romper vínculos”,
esclarece ela. É possível mudar o seu estilo de liderança
De acordo com Glaucy Bocci, existem maneiras de um chefe
reconhecer que não está liderando sua equipe de forma eficaz. Além da
análise dos resultados, é preciso tomar conhecimento sobre os diferentes
estilos de liderança e as situações em que eles são necessários, para
tentar identificar em si mesmo qual estilo já domina e qual não está
sendo aplicado.
Outra alternativa é pedir que seus colaboradores diretos
façam um relatório sobre seu estilo de liderança, apontando as
características positivas e negativas de seu comando. Assim, o chefe
pode tentar adaptar os pontos negativos e praticar no seu dia a dia os
diferentes estilos de lideranças. “O coercitivo, por exemplo, manda
fazer sem dar muito sentido e nem direção. O dirigente também manda
fazer, mas cria um contexto, um propósito e uma direção. À medida que eu
conheço esses conceitos e eu percebo essa linha tênue, eu tento
substituir e incorporar comportamentos novos”, conta a gerente.
Em organizações onde o diálogo entre os empregados é
permitido, o próprio colaborador que sentir que seu chefe não está sendo
assertivo pode ser transparente e dialogar sobre o que não está
gostando. “Por mais difícil que isso seja, [nesta situação] eu sentaria
com meu chefe e diria ‘Estou vendo coisas aqui que não fazem sentido,
como eu posso te ajudar?’. Oferecer-se para ajudar é uma coisa boa,
porque você não simplesmente critica, mas estende a mão e mostra que
está disponível”, conclui Glaucy.
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