Responder a essa pergunta está se tornando difícil em alguns pontos.  Isso é muito bom. Se essa pergunta vem se tonificando significa que o  crescimento da logística  já não engatinha no Brasil. Será? Ou devido ao aumento das necessidades  nos adaptamos com a imposição pela valorização da quantidade diante ao  desprezo da qualidade?
Para compreendermos melhor se faz necessário acompanharmos alguns  indicativos notórios e notáveis, os quais analisei obedecendo a uma  certa cronologia e sua importância para o setor. Com um bom resumo das  últimas ocorrências, podemos depois, tirar nossas próprias conclusões.
O primeiro e principal ponto que destaco é o aumento nas vendas de  caminhões. Em 2010, esse aumento foi suficiente para provocar a falta de  pneus nas fábricas. O Brasil ainda precisa aprender que há uma  vizinhança essencial entre mercados e que, diminuir ou aumentar  impostos, regular esse ou aquele mercado afeta vários outros setores.  Como impulsionar a indústria de produtos eletroeletrônicos com o nosso  custo de energia elétrica sendo o mais caro em relação aos países em  destaque na economia mundial? Nosso custo do MWh (megawatt hora) é duas  vezes e meia maior do que o da China [...] Isso com todos os nossos  rios, hidrelétricas e meios de geração. Acredito que o melhor exemplo é a  indústria do etanol. Como impulsionar a indústria de carros à álcool  com essa política de combustíveis? Com um carro popular, ao rodar 100  mil km você já pagou em combustível quase o valor do (também caro)  automóvel. Num caminhão, essa mesma distância representa um terço do  valor da máquina. Fora os gastos com impostos e manutenções. Isso só se  resolve com pesquisas sérias e ações bem planejadas e dirigidas.
Ainda sobre os caminhões, em 2011 as vendas alcançaram seus 15% a  mais. Não se prevê retração nesse ano. Se não for superado esse  percentual, pelo menos chegar-se-á próximo mesmo com o aumento do  Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no último trimestre de  2011. Vejo como um ótimo indicativo de crescimento do setor logístico no  País. Contudo, são mais caminhões nas mesmas estradas danificadas  apontando uma desunião da União – sem trocadilhos – com seus olhos  voltados aos cortes orçamentários para infraestrutura de rodovias devido  às denúncias de corrupção. Há de se parar de matar as vacas para  controlar os carrapatos ou vamos deixar o vinho derramar porque nosso  copo é pequeno demais e nos tornarmos reféns do nosso próprio  crescimento.
Por outro lado, as vendas acrescidas de caminhões nos deixam  temerosos com a questão da utilização do modal rodoviário. Piorar o que  já está ruim não nos trará crescimento. Tão importante quanto a  implantação de novas rodovias e a manutenção das existentes é o  desenvolvimento dos setores ferroviários e aquaviários que, mesmo com o  crescimento registrado nos últimos dois anos, não é, nem de longe, o  suficiente para acompanhar a logística atual, que dirá aos propósitos  logísticos que se desenham.
O Brasil já é a sexta economia mundial. Antes do anunciado (2015),  deveremos tomar o quinto lugar da França devido à crise européia. Não dá  para caminharmos ao novo levando velhos problemas nas costas. A  Logística não é a mesma de dois anos atrás. Cresceu, se desenvolveu, se  qualificou; mas está presa aos grandes mercados industriais, o que é  normal se falarmos de integração. Contudo, percebe-se que o setor  logístico aponta para mais do que o modestíssimo crescimento de 0,3% da  indústria em 2011. Ainda se respira os ares do crescimento de 2010 em  10,5%. Acredito até que isso venha favorecer o desenvolvimento da  logística dando tempo para estruturar esses setores dentro das empresas.  Afinal, crescer desgovernadamente também leva ao caos. Se as empresas  aproveitarem esse momento de estabilidade para planejar, contratar,  qualificar e estruturar sua logística, estarão preparadas para o aumento  de 3% em 2012, ao qual acredito ser maior apesar das opiniões  contrárias, pois a Europa ainda não alcançou seu auge da recessão que se  desenha em alguns países. É, economia funciona assim com um se  desenvolvendo devido às necessidades do outro… Já desenvolvemos muitos  países, agora precisamos entender que nossa vez chegou e precisamos nos  enxergar assim para não voltarmos a fazer o velho papel.
Outros sinais apontam para essa relação de necessidades e de  desenvolvimento como o aumento das vendas via internet (e-commerce)  trazendo junto um aumento do número de reclamações junto aos Órgãos de  Defesa do Consumidor. Se subirmos muito alto, sem preparo adequado, o ar  rarefeito nos deixará mais cansados e doentes. Ou seja, atender  necessidades sem a devida estruturação pode não representar prejuízos,  mas é, com certeza, uma “torneira aberta” quando possíveis lucros descem  pelo ralo.
O sinal fundamental é o aumento das instituições de ensino que acolhem a Logística através de seus cursos  técnicos e universitários, lançando novos profissionais no mercado de  trabalho e qualificando os que já atuavam, dando ares profissionais a  esse setor extremamente promissor. Como sempre digo, não basta a uma  empresa hoje produzir e lucrar, ela tem que pensar. O apoio a essa  tarefa é vital. Chega de ficar esperando o fruto colhido. Nunca haverá  melhor local para recrutamento do que uma sala de um curso bem elaborado.
Sem  dúvidas, nossa Logística não é a mesma. Longe do que deveria ser, mas  caminhando apressada para soluções mesmo diante de tantas adversidades.  Sua estrutura nunca estará alinhada com as necessidades que lhe rodeia,  mesmo porque uma passa a ser reação da outra quando não há planejamento –  e isso ainda nos perseguirá por muito tempo. É preciso ser realista com  nosso País e com a facticidade. – Mas o fato é que crescemos e estamos  assumindo nosso real propósito: solucionar, inovar e desenvolver.
A Logística experimentará uma aceleração crescente até 2017. O que  ficará depois disso vai depender da forma com que esses anos forem  conduzidos. Portanto, estamos em momentos delicados e cruciais. Estamos  partindo para a luta e estaremos na linha de frente. Desperte às  necessidades que nascem todos os dias e inove, estruture-se.
Boas ideias logísticas para você!
 
 
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