Num cenário de estagnação mundial, o que se pode esperar de 2012 para  a economia brasileira é uma expansão mais modesta em relação a 2011.  Mas isso não significa que hão de vir por aí tempos difíceis, desde que o  governo saiba manter sob controle os gastos públicos, o que, num ano de  eleições municipais, não deixa de ser uma ação hercúlea.
Seja  como for, se a expansão da economia em 2012 ficar no nível da de 2011,  já será um bom desiderato, levando-se em conta as dificuldades externas.  Mas não se pode esquecer também que as dificuldades internas não são  poucas e podem igualmente agravar esse quadro.
No cenário externo, as incertezas são muitas e deixam as perspectivas  da balança comercial numa zona cinzenta e sujeita a turbulências. Em  2011, bem ou mal, o saldo da balança foi de US$ 29,8 bilhões, o que  significou uma alta de 45% em relação ao ano anterior. Poucos países  puderam comemorar feito semelhante, resultado de um avanço de 26,8% nas  exportações (US$ 256 bilhões) contra 24,5% nas importações (US$ 226  bilhões).
Visto assim do alto, não haveria muito do que se queixar. A questão é  que esses números escondem uma preocupante dependência em relação às  exportações de matérias-primas. É de ressaltar que, em razão da elevação  das cotações ao redor de 25%, a exportação de produtos básicos chegou a  64% ao final de 2011. Responsável por isso foi a China, principal  parceiro comercial do País, que ficou com 17% de nossas exportações.  Desse total, quase 90% compreenderam vendas de minério de ferro e soja.
Em contrapartida, as exportações de produtos industrializados  ocuparam apenas 22% do total. Esse número só tenderá a diminuir se não  houver uma reação no sentido de ampliar a participação da indústria. O  governo tem se mostrado preocupado com essa tendência, prometendo  anunciar ainda no primeiro trimestre do ano uma série de medidas para  estimular o exportador.
Entre essas medidas, estão o aperfeiçoamento de mecanismos de  financiamento, inclusive para pequenas empresas, e a simplificação do  draw-back, sistema que desonera os exportadores que compram insumos no  Brasil ou no exterior a fim de produzir bens para exportação. Além  disso, o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior  (MDIC) tem defendido a ampliação do Proex-equalização para 100% do valor  exportado, enquanto o Ministério da Fazenda vem mostrando resistência.  Hoje, o limite é de 85%.
Como para 2012 se prevê uma reversão nos preços dos produtos básicos  na economia mundial, tudo o que for possível para estimular a exportação  de manufaturados será bem-vindo.
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário