O chefe que não crê na causa que serve não é digno de ser chefe. Mas não basta crer: é necessário que a sua fé e o seu entusiasmo irradiem. É necessário que cada um daqueles que ele tem a missão de conduzir compreenda a sua responsabilidade na obra que há de realizar-se; ao chefe compete fazer com que os seus homens comunguem no ideal que o anima.
"A força viva dum exército diz Marmont não aumenta em razão do número de soldados e de meios materiais, mas sim em razão do espírito que o anima". Esta asserção é verdadeira para todo o grupo humano, qualquer que ele seja. Insuflar o espírito, criar o ambiente, comunicar a chama são os aspectos mais importantes da missão do chefe.
Chefe que não tivesse fé na sua missão não saberia ser feliz expressão verdadeira no seu mais amplo sentido: a alegria abandona-o e o fracasso espreita-o.
Chefe abatido é chefe de antemão batido.
Um chefe céptico, seja qual for a forma do seu cepticismo, elegante ou cínico, é um destruidor de entusiasmos em si mesmo e nos outros.
Nada mais desanimador para um chefe e seus subordinados do que um céptico "para que serve isso"? ou um desanimado "não há nada a fazer". Reagir vigorosamente: há sempre que fazer, e tudo pode servir.
Quando ouvirdes alguém dizer: "não há nada a fazer" traduzi: há muito a fazer, mas eu não me sinto com coragem de fazer seja o que for.
Não há funções nem seres inferiores; inferior é cumprir mal a sua missão.
Só a fé na grandeza da sua tarefa e nas suas possibilidades de realização cria no chefe energia suficiente para superar-se a si próprio a levar os outros a segui-lo.
Para chegar ao fim das coisas, o primeiro passo é julgá-las possíveis dizia Luís XIV.
A ação em comum, qualquer que seja, exige o sacrifício de muitos interesses particulares, supõe tensão rigorosa das forças, disciplina cerrada das liberdades para vir a ser mais qualquer coisa do que fé, sopro, mística.
Tudo o que vive está animado de um sopro. Tudo o que existe sem sopro está morto.
Só se faz bem o que se faz com paixão. Quem trabalha simplesmente para ganhar dinheiro e não tem paixão pelo seu ofício não chegará a ser homem de valor, muito menos chefe.
Todos os empreendimentos humanos, humildes ou elevados, profanos ou sagrados, estão submetidos às mesmas condições orgânicas. Crer, esperar, amar, são virtudes necessárias a qualquer homem que deseje fazer obra viva e fecunda. Crer no que empreende e esperar o êxito, amar seu trabalho e oferecer por amor o fruto dele aos homens, tais são as condições primeiras e necessárias a que nenhuma empresa pode escapar. A inteligência recusa-se a um esforço de construção, se não crê na verdade e na utilidade da sua missão. A coragem falece perante os obstáculos se não espera vencê-los. Enfim, todas as manifestações da sua ação são tanto mais frágeis quanto mais violentas, se não são comandadas pelo amor.
O ascendente dos verdadeiros chefes reside na sua largueza de vistas. O homem necessita de horizontes largos; a mesquinhez asfixia.
Aos oficiais pede-se, antes de tudo, que sejam convictos e persuasivos; ousamos empregar o termo, que sejam apóstolos dotados do mais alto grau da faculdade de atear "o fogo sagrado" na alma dos jovens; essas almas de vinte anos prontas para receber impressões profundas, que uma centelha pode inflamar para toda a vida, mas que também o cepticismo dos primeiros chefes encontrados pode apagar para sempre.
Um pouco de inteligência ao serviço de um coração apaixonado fará mais do que um génio brilhante ao serviço de uma alma fria.
Fazer crer no seu êxito é para o chefe o melhor dos êxitos.
O chefe que confia em si próprio apresenta um ar de segurança que afasta as veleidades de resistência. Desconhece a indecisão, tão prejudicial ao triunfo. Tem a convicção de que triunfará, proceda como proceder, e assim se encontra ao abrigo dos efeitos nefastos do "esforço convertido". Obedece à sua impressão instintiva, sempre ditada pelo seu subconsciente, rico de experiências passadas.
A delicadeza do vosso espírito, a bondade do vosso coração nada seriam sem aquele ar vivo, aquela expressão animada que deveis possuir, se desejais entusiasmar os vossos homens.
Nada de pertencer àqueles que, vendo diante de si uma garrafa meio-cheia, se lamentam de que está meio-vazia.
Há no mundo certamente mais pensamentos baixos e maus do que pensamentos elevados; no entanto, o poder de um único pensamento de amor é infinitamente superior ao de um pensamento de ódio.
Aquele que possui razões para estar descontente consigo mesmo diz-se aborrecido com os outros.
Pode conceber-se um chefe "mal disposto"? Sem dúvida que a responsabilidade gera preocupações, mas também tem exigências, e o otimismo não é a menor.
Os desgostosos não fazem senão coisas enfadonhas, os indolentes só fazem coisas tristes, os pessimistas não vão além das coisas mortas.
Para algum, os otimistas são recrutados quase exclusivamente entre os imbecis, e para outros entre as pessoas que não são talvez de todo imbecis, mas são no ao menos superficialmente. Evidentemente, é uma tese que se pode tentar provar, mas também pode provar-se que é muito mais difícil, quando se é capaz, ser otimista do que pessimista: a predisposição para ver o lado mau das coisas a fim de poder afirmar quando a infelicidade surge: "eu bem o dizia"! Toda a coisa, todo o acontecimento tem pelo menos duas faces: uma feliz e outra triste. Porque se há de observar esta e não se há de, ao contrário, insistir naquela?
O mundo não será verdadeiramente feliz senão quando todos os homens possuírem almas de artistas, quer dizer, quando todos trabalharem com gosto, e compreenderem a beleza e a verdade aí existentes.
Chefe dinâmico é aquele que, tendo fé na sua missão, crê no triunfo da sua causa, tira dos acontecimentos mais insignificantes tudo o que de favorável pode ser tirado e não se deixa desanimar nem pela contradição nem pelo fracasso.
O chefe não se impressiona nunca com os contratempos, as contradições, as dificuldades.
O primeiro movimento, quando surge um acontecimento desagradável, é de se lamentar, chorar, talvez até de se encolerizar? Quanta energia desperdiçada. É preferível encarar a situação com frieza e dizer: "Que poderei eu fazer para que este rude golpe seja ponto de partida para alguma coisa melhor? Como conduzir-me para dominar e transformar este aborrecimento em vantagem?" Mesmo que não seja solução imediata, o fato de reagir positivamente constitui a melhor atitude para limitar o desgaste. Há contratempos que são construtivos e dificuldades que são causa eficiente.
Um chefe deve, com toda a humildade e com toda a verdade, possuir certa dose de confiança em si mesmo: confiança razoável e não presunçosa nos seus talentos e possibilidades reais. Com efeito, ser humilde não consiste em dizer: "nada tenho, nada sou, nada posso", porque facilmente se conclui "nada faço", mas: "eu recebi certo número de talentos. Não tenho o direito de me gloriar disso, mas tenho o dever de desenvolvê-los e de cultivá-los para servir os outros".
Nenhum comentário:
Postar um comentário