A maior parte dos chefes tem de obedecer a superiores tanto como dirigir inferiores. Devem àqueles que lhes estão abaixo o exemplo da deferência e da obediência aos seus próprios superiores.
O verdadeiro chefe esforça-se por compreender o pensamento de seus superiores e concilia a independência e originalidade das suas concepções pessoais com o respeito pelas ordens legítimas. Sair dos limites traçados é não só insubordinação pessoal, mas também desordem, cuja gravidade aumenta na medida da responsabilidade que se tem sobre uma coletividade.
Discutir as decisões de seu chefe hierárquico é sempre perigoso, porque a maior parte das vezes tal discussão produz-se no vácuo, por falta de elementos necessários e causa nos subordinados certa hesitação em obedecer o que é suficiente para levar à destruição dos melhores planos.
Só um começo de execução leal de uma ordem permite avaliar da importância real das dificuldades, que a nossa preguiça inata e o receio de sermos perturbados na nossa rotina, têm muitas vezes aumentado exageradamente.
A crítica deprime o moral; amolece a coragem dos indivíduos; acarreta ao grupo a incerteza e a desarmonia e quebra a unidade de vistas e de ação.
Ainda que investido de uma autoridade cujo princípio remonta até Deus, o chefe permanece não obstante homem. E porque é homem não pode deixar de ter em si próprio qualquer imperfeição. Decerto, o chefe tem obrigação de se valorizar constantemente e por todos os modos, para estar à altura da sua missão, ser digno do seu posto de comando. Mas os seus subordinados, e principalmente os seus colaboradores que, vivendo junto dele, podem mais facilmente descobrir os seus pontos fracos, devem tomar cuidado em não se deixar hipnotizar por eles. Eles próprios seriam as primeiras vítimas do desprestígio do chefe, em sua presença. Há que confiar no chefe, para se estar pronto a segui-lo até ao fim, e é preciso que o chefe sinta que o seu grupo confia nele para ter coragem de pedir àqueles que o cercam os esforços e os sacrifícios que a todos levarão à vitória.
O verdadeiro chefe atenua, quanto possível, as faltas de seus superiores, e folga com mostrar aos seus subordinados que o êxito se deve ao chefe responsável.
Quanto mais de alto vem a crítica, tanto mais prejudicial pode ser. O chefe que critica o seu superior, perante os seus subordinados, arrisca-se a perder a sua influência e a ver prontamente criticados os seus próprios métodos. Na realidade, o moral assenta na lealdade, na fidelidade aos chefes.
Não há disciplina fecunda senão quando é alegre e ativa. O simples conformismo passivo, tímido, o receio cobarde das censuras ou das sanções são atos desprovidos de real valor social. Aceita-se a disciplina, quando existe forte sentimento de interesse, de honra, de obra ou de empreendimento comuns. Com a disciplina não se correrá então o risco de suprimir ou enfraquecer as iniciativas.
Ser disciplinado não quer dizer estar calado, abster-se ou fazer apenas o que se julga possível, praticando a arte de evitar responsabilidades, mas, antes, atuar no sentido das ordens recebidas e, para isso, descobrir no seu espírito, pelo interesse e pela reflexão, possibilidade de as realizar e, no seu caráter, encontrar energia capaz de suportar os riscos que a execução comporta.
Disciplina, para o chefe, não significa execução de ordens recebidas enquanto se julgam convenientes, justamente razoáveis e até possíveis. Significa assimilação completa das ideias do chefe que deu a ordem e fidelidade na realização. Disciplina não quer dizer silêncio nem abstenção, na mira de executar apenas, sem compromissos, o que parece possível: não se trata de praticar a arte de fugir à responsabilidade. Pelo contrário, trata-se de atuar no sentido das ordens recebidas.
Se o chefe subalterno se contenta com executar as ordens sem procurar compreendê-las; se não consegue comungar no pensamento do seu chefe, a autoridade será precária, em prejuízo do fim que em comum se buscava.
A disciplina bem compreendida não mata a personalidade, harmoniza os homens, coordenando-lhes os esforços.
O aumento de disciplina traduz-se sempre por um aumento de bem estar, como o desenvolvimento da energia por um suplemento de força.
Em todos os graus da escala social, na vida familiar como na vida profissional, se impõe a restauração do sentido da autoridade, e em contra-partida a reeducação do espírito de disciplina.
"A disciplina, diz velho adágio militar, é a força dos exércitos". É também a força principal de uma nação que não quer perecer. O levantamento nacional exige a colaboração e a adesão de todos.
Existem, decerto, muitos caminhos para sair de uma floresta na qual alguém se perdeu. No entanto, o que deve tomar-se é aquele que o chefe, devidamente mandatado, escolher. Teoricamente, é possível conceber outras rotas talvez preferíveis, mas a melhor, na realidade, é a que o chefe tiver indicado, precisamente por ele a ter indicado. cada qual, ao sabor da sua fantasia ou do seu sentimento, seguisse por seu lado, seria o suficiente para desfazer o grupo e dar-lhe a morte, como tal, dentro com pouco.
Por outro lado, o chefe possui elementos de informação que seus subordinados ignoram. Tendo prudentemente tomado a sua decisão, deve ficar certo de que será seguido, porque não pode aplicar ao bem geral as suas faculdades de chefe se não tem a certeza absoluta neste ponto.
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